Peidar. Cheirar o hálito matinal de estranhos. Ter o rabo de alguém na tua cara ou preocupar-se com o seu na cara dos outros. Que mania é esta do yoga?
Aqui está a verdade nua e crua – ou deveria dizer, o downward dog. O yoga é tratado como uma prática por alguma razão. Cada aula é uma auto-reflexão onde estás naquele momento. Todos os dias o teu corpo, o teu mundo e o mundo que te rodeia estão em constante mudança, e por isso não existem duas práticas iguais. E por isto, tudo se resume a ti e à tua respiração; a superficialidade e a profundidade de tudo isto servem como guia. Não existem práticas que sejam as mesmas; um dia já dominas a pose da árvore, no dia seguinte já estás em desequilíbrio e não consegues fazer aquela pose nem que a tua vida dependesse dela.
Contudo, a tua vida é a respiração.
Desenvolvido há muito tempo atrás como uma série simples de respiração, o yoga tem-se praticamente tornado num culto – é viciante. O progresso que se atinge ao dedicarmo-nos a esta prática, fa-nos ansiar por mais, mesmo conscientes de que esta é uma arte que nunca poderemos dominar. O yoga é um processo de aprendizagem ao longo da vida com espaço para o crescimento. Através da respiração, a energia partilhada na sala, um professor que pretende o equilíbrio certo entre ti e os teus chakras, o yoga é evolucionário.
Por isso, quando te deitas no suor das outras pessoas, ouves os seus tratos digestivos e cheiras aquele peido estranho, ou dois, cada aula faz-te regressar para mais. Esta é simplesmente a natureza disto tudo – um desejo inevitável de nos melhorarmos a nós próprios e de sermos bem-sucedidos. E, neste caso, ser bem-sucedido significa aparecer e estar lá. Comprometermos connosco mesmos para estarmos presentes no tempo, espaço e lugar. O sucesso é juntarmos as nossas coisas e chegar à aula para nos abastecermos; seja o corpo, a mente ou a alma, todos prosperam no yoga. Esta é uma prática que vale a pena manter.
Se amas yoga, o yoga ama-te de volta – tão simples quanto isso. Continua a praticar e tem como objetivo a melhoria e não a perfeição. A verdadeira missão é criar objetivos atingíveis e trabalhar para os conquistar.
TEXTO: NATALIE GREENSPAN
FOTOS: BRAEDEN MECK
MODELO: MEG COFFEY