O destino de férias perfeito é um verão no Algarve, em Portugal – o areal, a cor azul safira do oceano e as refeições deliciosas criadas com os ingredientes mais frescos. Com cerca de 200 quilómetros de costa, não é de surpreender que o peixe e marisco sejam os ingredientes principais na gastronomia algarvia, incluindo do prato mais famoso, a cataplana. A avó Rosa Bandeira aceitou o desafio e mostrou-nos como criar este prato tradicional, dando-nos ainda uma lição de história durante o processo.
“O que muitas pessoas não se apercebem é que a palavra cataplana se refere tanto ao ensopado como à panela onde é preparado.” A panela, que é única na região, era tradicionalmente feita de cobre martelado. O uso de cobre permitia a excelente condutividade do calor ao longo de toda a cataplana, dando um sabor único e incomparável a esta iguaria. Com o formato de uma ameijoa, a tampa em forma de cúpula fecha na parte inferior para selar, como um forno holandês, o que encoraja um efeito fumegante. “Cozinhar na cataplana torna o sabor mais rico. O molho não evapora apenas no ar, estão continuamente a voltar para os alimentos, criando um líquido suculento no fundo.”
Apesar de a origem da cataplana ser desconhecida, muitos acreditam que tem origem no século dezoito com a ocupação Moura e que este é o equivalente português da tagine – um recipiente de cozinha semelhante do Norte de África.
“No passado, os pescadores usavam a cataplana como lancheira, recheada em casa com essenciais como alho, cebola, azeite e vegetais. Quando chega ao momento de comer, adicionam o que apanharam no mar e ferviam tudo na mesma panela sob o fogo. Muitas vezes, era feito um buraco no chão onde colocavam a cataplana sob brasas e cobriam com areia.”
Apesar de uma cataplana ser tipicamente feita com qualquer combinação de marisco – camarões, ameijoas, mexilhões, peixe, lulas, polvo – a Rosa sugeriu que usasse a sua imaginação. “Adicione qualquer combinação que goste – mexilhões e chouriço picante; lulas e fiambre fumado; lulas e coelho; polvo e batata doce; carne de porco e ameijoas; ou faça-a vegetariana – são todas variações excelentes. Esta é realmente a panela onde é mais fácil cozinhar. Crie um refogado (alho e cebola salteados em azeite) no fundo da panela, adicione a carne e vegetais, verta algum líquido (vinho, água, caldo ou uma mistura dos três), prenda-a, ferva e deixe numa temperatura média-baixa até que a carne esteja cozinhada.”
Não demorou muito até estarmos à mesa da Avó Rosa a aproveitar a Cataplana de Marisco, servida com uma garrafa fresca de Alvarinho e muito pão torrado para, no final, ensopar no molho. Estava delicioso, e eu fiquei ansioso por experimentar a receita em casa, mas tenho um pequeno problema – não tenho uma cataplana. “Se não tem uma cataplana, podes fazer esta receita num forno holandês, wok ou qualquer outra panela de fundo pesado e com tampa, mas tente encontrar uma. Alguns espaços comerciais portugueses vendem-nas na área de Toronto e pode encontrá-las também online.”
Estou ansioso por em breve ter o sabor do algarve na minha cozinha.
Cataplana de Marisco
Serves 6
INGREDIENTES
- 2 dentes de alho
- ½ pimento vermelho
- 300g de camarão
- 1 lavagante (aproxim. 500g)
- 1 dl de vinho branco
- 1 colher de sopa de pasta de tomate
- 500g de ameijoas
- 200g de mexilhão meia-casca
- Coentros (picados)
- Sal q.b.
- Molho de piri piri
INSTRUÇÕES
- Coloque a lagosta, os camarões ou os mexilhões no fundo da cataplana.
- Corte as cebolas, o alho e os pimentos em fatias finas.
- Adicione as cebolas, o alho, o azeite e cozinhe até que as cebolas caramelizem um pouco.
- Adicione os pimentos vermelhos e deixe refogar.
- Adicione o vinho branco e a pasta de tomate, tempere com sal e com o molho de piri piri.
- Coloque o molho por cima do marisco.
- Feche a cataplana e deixe cozinhar durante 10 minutos.
- Remova a cataplana do calor.
- Adicione as ameijoas, feche a cataplana, deixe cozinhar por cinco minutos e vá mexendo de tempo a tempo.
- Finalmente, tempere com sal e pimentos, se necessário adicione coentros.
- De seguida, sirva com arroz branco ou pão torrado.
TEXTO: DAVID GANHÃO
RECEITA: ROSA BANDEIRA
FOTOS: FIN CHRISTOFORIDIS